Investimento imobiliário "core" em Portugal
As rendibilidades que hoje são oferecidos em Portugal
situam-se acima dos 7,5%, apresentando-se relativamente atrativas quando
comparadas com outras cidades.
Ultrapassado, pelo menos parcialmente, que parece estar o
estigma do risco País por parte de algumas casas de investimento imobiliário
europeias, o mercado português apresenta um conjunto de características que
reúnem os requisitos que fazem normalmente os investidores passarem das suas
intenções de investimento à concretização das mesmas.
Nos últimos anos, por força das circunstâncias, assistiu-se
a uma significativa redução dos níveis de actividade dos segmentos de mercado
imobiliário, a que o mercado de escritórios não conseguiu escapar e que no seu
caso particular se caracterizou numa redução nos níveis de actividade de
150.000 m2, média de 1998 a 2008, para níveis médios que nos últimos três anos
não ultrapassaram os 100.000 m2 e de preços superior a 40% nalgumas das zonas
do mercado.
Na conjuntura vivida nos últimos anos os investidores,
maioritariamente nacionais, afastaram-se do mercado e aqueles que se mantiveram
foram exigindo rendibilidades mais altas para a colocação da sua limitada
liquidez.
As rendibilidades que hoje são oferecidas em Portugal
situam-se acima dos 7,5%, apresentando-se relativamente atractivas quando
comparadas com outras cidades que estão normalmente sobre o radar dos
investidores na plataforma europeia: Londres, Paris e as mais próximas Madrid e
Barcelona. Todavia, não iremos assistir a um regresso em força dos
"investidores core", não por falta de interesse ou de disponibilidade
para investir no nosso País, mas mais pela ausência de produtos que se encaixem
nos seus requisitos, dos quais se destacam: localização, volume, maturidade dos
contratos de arrendamento, rating do arrendatário.
Esta situação decorre do fraco desempenho do mercado de
escritórios nos últimos anos, que não permitiu formatar produtos que se
enquadrem no perfil do pretendido pelos "investidores core", situação
que é igualmente vivida na nossa vizinha Espanha.
Resta-nos esperar que o mercado de escritórios venha a
apresentar níveis de crescimento e recuperação da atividade.
Por Paulo Silva, Diretor Geral da Aguirre Newman
Publicado por: ImoNews Portugal